Ontem fui assistir ao filme "Coco antes de Chanel" a convite de Anna Marina ( minha fada madrinha ) em sessão especial oferecida pelo jornal Estado de Minas. Organização perfeita, beleza do começo ao fim.Ótimo coquetel, lindas recepcionistas ao mais fiel estilo chanel e uma harpa tocando " La vie en rose". Tudo!
Mas o melhor foi o filme. Para todos nós, que conhecemos Chanel como uma mulher forte, ousada e à frente do seu tempo, entender os caminhos que a levaram para o sucesso é uma aventura. Entender a alma dessa mulher, que se mostrava forte para superar as perdas, se vestia de forma diferente para chamar a atenção para os excessos cometidos em uma sociedade fútil e que era absolutamente livre em essência é um exercício. Gabrielle não se submetia,como todas as outras mulheres se submetiam aos caprichos dos seus homens. Ela sabia onde queria chegar e aproveitava as oportunidades que as vida - às vezes - lhe oferecia para alcançar os seus objetivos.
De órfâ triste, mas esperançosa na volta do pai, a cantora de cabarés, Coco - apelido que ganhara na infância - nunca desistiu. Frente a todas as adversidades, ela se levantava e seguia firme, contra tudos e contra todos. Vivia uma luta interna constante, entre se acomodar e ser levada pela situação ou lutar e ganhar a sua independência,coisa absolutamente rara naquela época para uma mulher.Quantas de nós ainda hoje não conhecem mulheres que vivem casamentos fracassados, casais infelizes que simplesmente acham que não podem fazer nada para mudar e vivem uma vida frustrante?
Gabrielle não era assim. Forte e intensa, ela conseguia tirar até da amargura algo bom. Seus elementos, como as pérolas, as rendas, foram surgindo aos poucos, como uma contradiçâo do que ela vivia. Marginalizada, Coco foi se esmerando na costura e se mostrava avessa a tudo que fosse desconfortável e exagerado. Em uma outra linguagem, mulher não foi feita para ser presa nem tão pouco servir de enfeite. A personalidade está dentro de cada uma de nós e como tal, deve ser refletida nas roupas sem desvios.Tentar ser o que não somos é quase uma violação e Chanel percebia isso. Os excessos invariavelmente serviam para esconder os desamores,as tristezas e tudo que não podia ser dito nem sentido, tudo que ela não queria para si.
Viver em uma época em que a mulher não passava de um objeto e desestruturar toda uma sociedae, seus costumes e verdades não é tarefa para qualquer um.Muito menos para qualquer uma! Gabrielle foi muito além do que podemos imaginar. Cada gesto seu, cada ato de rebeldia teve reflexos na moda e nos costumes de uma época e até hoje vivemos um pouco isso. Do corte de cabelo ao corte das roupas, tudo mudou junto com Chanel. A mulher ganhou significado, corpo, alma.E amor.
Mesmo sendo uma mulher prática, que não acreditava nesse sentimento, Gabrielle não resistiu ao homem que percebeu nela muito mais que uma mulher.Que a assumia para a sociedade, que compreendeu seus anseios e respeitou suas vontades. Foi o seu único amor. Dona da máxima "menos é mais", Gabrielle só não teve de menos a paixão. Paixão que a fez mais viva do que nunca, mas que também a abalou profundamente com a perda, de forma estúpida e inesperada, do seu amor.E no auge do desejo.
Quando perdemos algo no seu melhor momento, nunca vamos saber como aquilo poderia terminar. Guardamos apenas a parte boa, o romance, o fugaz.E perdemos um pedaço da nossa alegria, dos nossos sonhos, da ilusão. A inocência se perde. Talvez Chanel tenha ficado mais fria.Mas ficou ainda mais perfeita nas suas coleções. E quando ela adiciona o vermelho na sua paleta de cores, percebe-se que a paixão ainda existia, mesmo adormecida no seu coração.
Aprendi muito com essa personagem. Aprendi muito também comigo, entendendo o filme de acordo com as minhas verdades. E aconselho a todos, homens, mulheres,amantes ou não da moda, mas sobretudo amantes da vida a se aventurarem nesse filme.Exemplo de sobriedade e coragem, Gabrielle Coco Chanel é um espírito de luta e paixão, que nos deixou um legado de vida, dignidade e,acima de tudo, compromisso com a nossa verdade!
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