quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

MODA, SUBJETIVIDADE E CORPO

   Estamos em uma era em que a moda, além de ditar tendências de cores, formatos e cortes, também traz transformações para o nosso corpo. A adequação, o " estar bonito" virou obsessão desde o dia em que a fotografia captou a primeira imagem até a febre do culto ao corpo iniciada nos anos 70 com o" boom" das academias de ginástica.A exigência da perfeição permeia desfiles de moda e termina em doenças nervosas como a anorexia e bulimia. Para tentar conter essas tendência paranóica, os grandes estilistas chegaram a proibir de desfilar modelos que tivessem peso inferior ao saudável!Com as roupas cada vez mais ajustadas e construídas sob medida, a forma do corpo ganhou muito mais importância. Não nos escondemos sob camadas de saias, mas nos desnudamos com decotes, fendas e tecidos strech. E alimentamos outro hábito que pode se tornar doentio: as plásticas.Lipos, silicone, tudo é feito sob medida para adornar um vestido
colante. E os 2 interagem em busca da perfeição, totalmente efêmera, pois as mudanças se processam o tempo todo, mudam-se os focos e a insatisfação se torna uma constante. O nosso corpo se tornou uma mídia em si mesmo, divulgamos imagens, aspectos, caracterísiticas, mensagens construídas por infinitos discursos possíveis. Mostramos o que somos e o que podemos ser diante de um determinado grupo social, de acordo com nossas referências.
   Paralelo a isso, temos uma democratização da moda. Ela ficou mais acessível com os prét-a-porter e hoje, todo mundo sabe alguma coisa, até mesmo porque existem cópias que possibilitam a qualquer um ter uma bolsa " Louis 'Vouiton".O que não deixa de ser um processo de inclusão.Mas não queremos apenas estar no meio, buscamos também um diferencial.E a busca dessa individualidade faz surgir várias verdades. Buscamos o que nos faz bem e o que nos fica bem. Temos a necessidade de sobressaírmos e surgem os piercings, tatuagens, maquiagens diferentes, cortes e cores de cabelo, acessórios, que nos remete aos nossos ancestrais indígenas, mostrando que esse desejo vem de longe. Incorporamos personagens que acabam sendo incorporados pelo mundo da moda - sim, sempre - e damos informações através do que mostramos. Criamos uma história, uma imagem. Mas até onde ela é real? Até cair no mouse e no photoshop?
   A imagem é uma fantasia. E nos distanciamos de nós mesmos quando a criamos, criando múltiplas realidades de acordo com o que buscamos. Quer coisa mais irreal do que contatos pela internet? Quem é 100% sincero? Podemos criar uma imagem qualquer, uma personalidade completamente diferente da nossa e viver essa fantasia. Perdemos o contato físico. Conversamos pelo celular, pelo msn. Conhecemos pessoas no orkut. Somos tão ligados a imagens perfeitas,que nos esquecemos do básico, do convívio, do toque. Nos transportamos a outras realidades, filmes, novelas, pois nos tornamos co-dependentes os meios de comunicação para,talvez,suportarmos a nossa própria vida.Mas quando o filme acaba e as luzes do cinema se acendem, o que surge é a nossa realidade.É o manequim 44, a estatura mediana,alguns quilinhos a mais , o marido que não é a cara do Andy Garcia.Ah!!!! Ou seja, problemas que todas nós temos. Então, o que nos resta é fugir de toda essa idealização, dessa massificação de conceitos e preconceitos e buscar o que é nosso de verdade. Não o que está na revista, perfeito, sob o bisturi milagroso do photo shop. Mas o que está no nosso espelho. Tirar as máscaras, despir a roupa "nada a ver", percebermos as nossas necessidades e sermos nós mesmos.Valorizar os seios fartos, os olhos amaendoados,o pezinho bem feito, todas nós temos algo para mostrar de belo!Cuidados simples e auto estima fazem milagres com qualquer mortal.Afinal,até hoje não inventaram maketing melhor do que a felicidade!

Nenhum comentário:

Postar um comentário